Pular para o conteúdo principal

A alegria do diferente

Sempre se escuta a frase: “a grama do vizinho é mais verde.” Provavelmente para muitos essa frase é lei e dogma. Imagine se não houvesse o do outro para compararmos ao nosso? Provavelmente não haveria avanço nas mais variadas formas de tecnologia e ciências. O que realmente instiga o homem a procurar novas formas de fazer as coisas é a diferença para com seus “semelhantes”.

Conviver com essas diferenças é mais fácil do que se imagina: a todo o momento em nossas famílias, temos briguinhas e tropeços, mas nada que um “deixa pra lá” não resolva. Talvez a formação de uma grande família resolvesse o maior problema da humanidade: a intolerância.

Explodem guerras étnicas, governos caem e ditaduras liberais são instauradas, já que a forma de organização de certos povos é considerada primitiva e radical. Leis “anti-massa” perduram por séculos mantendo a frente do mundo um mesmo grupo autoritário e sagaz que possuem “a grama mais verde”. O simples fato de se vestir de um modo ou de outro te exclui ou insere em certas castas.

Pode haver todos esses problemas, mas no final, a diferença só faz ajudar. O que seria da nossa tecnologia exclusiva de hoje se não houvesse as guerras mundiais, o imperialismo e principalmente a Guerra Fria? Provavelmente estaríamos acendendo lamparinas à noite ou atravessaríamos para o Japão (ou não) de navio para levar ajuda aos necessitados atingidos pelos Tsunamis.

O que seria de nós se o Japão não tivesse avançado mais que todos os outros países em técnicas e tecnologias no século XX e se tornado um país sem precedentes em questões culturais, de não se preocupar com que os outros dizem de sua falta de massa fálica ou de seus cabelos coloridos ou de seu alto teor de pornografia per capita? Quem somos nós para falar das Coreias e dos olhos puxados de grande parte dos asiáticos?

Então, não é a diferença o problema. É a forma como se lida com ela. O ideal é que ela seja usada de forma positiva e visando unir forças, assim como se faz nas famílias e nas rodas de amigos. Se a grama do vizinho é mais verde, pinte a sua de azul!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esse tempo que não é meu

Hoje, quero escrever simples. Estou vivendo num tempo que não é meu. Há dias que não me sinto dono dos meus dias. Habitante da minha casa. Sujeito dos meus direitos e das minhas obrigações. Vivo agora o ontem do amanhã, que ainda não vejo. Existo, me movimento, mas não sei para onde vou, porque agora dependo do tempo de algo ou de alguém que ainda não tenho como referência. Já escrevi outras vezes sobre o tempo. Em todas elas, a minha relação com essa grandeza da física estava mais afinada. Eu tinha mais segurança para perceber o desenrolar das coisas de maneira contemplativa e analítica. Era possível até desejar. Neste momento, o tempo está levando embora o meu desejo, me acordando antes dos sonhos doces e esticando os prazos da espera por respostas. Foram dezesseis anos de formação técnico-científica: do curso Técnico em Informática, passando pelo Direito, pelo mestrado e pelo doutorado em Arquitetura e Urbanismo. Mesmo com uma pandemia no meio, esse tempo todo foi meu. Eu me sentia ...

A caixa pálida

Era de tardezinha quando Arthur estava sentado pensando na vida. Naquele mesmo dia ele já havia lido pelo menos 3 jornais diferentes, buscado informações em algumas fontes alternativas e traçado um plano para sua próxima viagem, cujo destino ainda teria de ser escolhido. Ele não estava ligando para onde ia, apenas queria muito sair daquele lugar desgovernado e ver aonde iria chegar. Seus planos sempre eram à prova de pontas soltas. Ele diz que está sempre pronto para a guerra. Tem comida, água, roupa extra, quase todos os materiais de escritório do MacGyver, um treinamento intensivo nas antigas artes orientais da medicina e da meditação, preparo físico para vencer os desafios e a preguiça, além, é claro, de uma mão de ferro quando se trata de dinheiro. Para que alguma coisa desse errado, teria que escapar a sua cara de pau e curiosidade, pois também não tinha muito medo de gente, a menos que fosse uma grande ameaça a sua integridade física ou financeira, já que o sangue já par...

A fuga da paixão na curva da indiferença

3:50 da madrugada. Era quase segunda-feira. Quase porque a noite ainda não tinha cedido. O olho cerrado enxergava um cinco no lugar de um três. Era quase um seis, mas não fazia nem três que havia dormido. Pensei: posso dormir até às 8. O novo sonho do bloco das 4 trazia algumas paixões. Como é da natureza delas, me carregaram com conforto até um "êxtase inebriante", que fez com que meus olhos imaginários brilhassem enquanto falava com um convertido sobre o que me fazia escolher o que havia escolhido. Falava naquele sonho sobre processo de escolha e a curva da indiferença. Eram as minhas paixões se cruzando, mesmo que elas nunca tivessem conversado comigo mais do que uma frase cada. Não havia sentido naquele sonho, como não havia sentido naquele contato. Por não haver sentido, nem sonho, nem contato foram suficientes para que o desejo de ficar naquele momento de paixões permanecesse. Quando foi às 4:50, o bonde do desejo seguiu seu caminho e deu espaço para uma trava no olho e...