...que numa noite dessas, essas assim quietas e com aquela
cara de chuva triste, quase uma November Rain, eu estava tranquilo até que me
apareceu algo para abalar minha confiança impecável. Esse algo era alguém. Daquele
momento em diante, eu tive que fazer aquela escolha mais pesada de todas:
arriscar ou me esconder? Minha opção mais comum seria a segunda, assim como fiz
diversas vezes. Mas não dessa vez.
Contei o que acontecia a cada vez que via, ouvia ou até
mesmo assimilava a presença dela, que as pernas, os braços, as mãos, tudo
tremia. Que o carmim tomava conta de meu rosto quando me perguntavam o que eu
sentia. Que aqueles olhos me encantavam de tal forma que o dia se tornava
improdutivo quando os via. Que ela não era só um cometa, mas o astro para
realinhar minha órbita.
E o telefone tocou. Mais de uma vez. Com conversas curtas
que durariam a eternidade para mim. Não do modo negativo como pensam, mas sim
aquela que só os que amam conhecem. Aquela que se esconde no momento mais
sublime de felicidade. Como quando aquela pessoa aparece e te abraça, beija e
fica contigo mesmo que por um minuto e que vale por todo aquele dia, ou semana,
ou mês, ou ano para te fazer feliz.
Até que chegou aquele dia que o telefone parou de tocar. Foi
o instante mais agonizante da eternidade momentânea. Não se podia enxergar um
astro brilhando vivo, mas sim algo como uma provável supernova prestes a
estourar. Então tocou o telefone. Pela última vez. E um eclipse surgiu naquele
céu que um dia foi tão estrelado quanto o teto do Olimpo.
Por outro instante, surgiu outra pessoa. Não no meu caminho.
E as coisas pioraram. Não havia mais visão clara do que acontecia lá fora, mas
tudo era imaginado com uma margem de erro astral. E o pavor pairou sobre a
mente naquele momento e se manteve incessante por um bom tempo.
Quando a poeira baixou e pequenos resquícios daquele sorriso
arrebatador apareceram novamente, uma angústia cruel tomou conta do meu ser.
Havia aqueles seres da dualidade chamada razão vs. emoção que cutucavam todos
os momentos. E mais uma vez foi feita a proposta daquilo que uns chamam de
destino e que eu não sei como denominar: arriscar ou esconder. Dessa vez, fui
covarde e me rebaixei à razão.
E foi nesse momento
que a rosa mostrou seus espinhos. Sangrei litros e litros, perdendo meu peso,
juventude e aquele sopro de vida que adquiria quando via seus olhos tornava-se
um veneno pesado. Nada mais importava. Nem a vida acadêmica, nem laboral, nem
mesmo os amigos estavam conseguindo extinguir o buraco negro que foi aberto. Até
que eu cheguei no fundo daquilo que não tem fim.
Ao passo que estava tentando cavar o buraco para ver se
escapava e não sabia que estava apenas cometendo um atentado suicida, lá da
outra extremidade de onde vim surgiu uma mão estendida, cuja dona dizia que o
outro lado não tem fim e me lembrando de que a única saída seria tentar subir à
superfície mais uma vez. Então me levantei e comecei uma longa escalada.
De volta ao ponto inicial,
de onde se devem começar as coisas, a luz bateu em meus olhos mais vezes. O
sorriso já não envenena mais. O olhar, ainda meio triste e estranho, já não
traz aquela sensação de estar sendo queimado por chamas inapagáveis. Agora
estava decidido mais uma vez a arriscar. Mas dessa vez, devagar, o que não me
agrada nem um pouco.
Por fim, o que eu queria te contar mesmo é algo que eu digo
para mim todos os dias e que odeio porque tento negar. É algo que eu escrevi
para você e que não sei se prestou atenção. Por isso, acho que vou ter que
começar de novo, lá naquela noite em que ninguém mais estava conosco e que
nossos rostos se encontravam rosados como aquelas flores de cerejeira. Quando,
mesmo sem esses termos, eu disse que te amo.
Parabéns Lucas! seu texto ficou excepcional.
ResponderExcluirA questão que muitas vezes as garotas não veem é que o mais importante não é a coragem, mas sim a atitude e eu vejo ela bem aqui nesse texto.
Qualquer homem é capaz de dizer "eu te amo", mas quantos de fato são capazes de provar isso? eu digo pouquissimos!! E você é um deles (existe maior atitude que essa?).
Não sei como será o fim dessa história (torço para que tudo dê certo entre vocês). No entanto caso o pior aconteça não se deixe abater.
Eu sei que muitas vezes o 'buraco' pode parecer mais confortavel, mas independente do que aconteça não fique nele porque concerteza tem alguem que espera por você.
Por último eu sei que podemos amar as garotas erradas as vezes (não sei se é o seu caso e é lógico que espero que não seja) mas nem por isso significa que tudo foi em vão porque como você mesmo disse foi eterno enquanto durou e por mais dificil que parece ser acreditar nisso as vezes, quem de fato sairá perdendo é ela e somente o tempo vai revelar isso.
Ao amigo João Victor, meus sinceros agradecimentos. ;D
ResponderExcluirO cara tem que ser muito macho pra escrever sobre isso e muito poeta pra escrever desse jeito. Parabéns aê!
ResponderExcluirQuanto à história, o tempo resolve. Certeza.