Deixados alguns dias para se
refletir sobre tudo que acontecia ao seu redor, o jovem garoto não sabia onde
aquilo tudo iria parar. De início, disse um não brusco e que nunca mais queria
ver aquela face novamente. No meio de sua jornada interior, seus caminhos foram
muitas vezes desviados por novidades que nunca haviam pensado que poderiam
existir. Achava ele que entre príncipes e princesas nunca havia existido uma
história de dúvida. Nem de um nem de outro.
Voltou-se para os momentos
iniciais. Olhou bem aquele rosto guardado em sua memória que, infelizmente, era
impecável quando se tratava de coisas que não fossem forçadas. E
definitivamente, aquilo não havia lhe sido forçado. Trocou suas companhias.
Várias vezes. Pensou que uma só visão não enxergava o planeta a ser explorado
por completo. E mais uma vez, infelizmente, ele estava certo. Catou os fragmentos deixados pelos outros no
caminho e tentou juntá-los como se fosse um só vaso, mas na verdade não
passaria de uma colcha de retalhos muito feia quando a terminasse.
Enlouquecido pela estrada
sinuosa, já não sabia se tinha voltado ao início de tudo mais uma vez, se tinha
avançado bastante ou mesmo se tinha saído da trilha. Só tinha uma certeza: que
havia surtado. E o que melhor os doidos fazem do que dizer o que veem? Sim, eles
ouvem que são loucos e que precisam se tratar. Remédios das mais diversas
formas e gostos foram receitados e se receitaram. Todos eles não eram
suficientes para tirar a insanidade daquele moço. Somente uma coisa poderia
restaurar seu estado de calmaria, e infelizmente, ele estava desventurando-se a
ir para longe dele.
Sinceramente, não estava querendo
ver aquilo como um remédio mais. Afinal, aquilo uma vez já havia lhe feito
muito mal. Decidiu então tentar esquecer o que havia ocorrido, mas
infelizmente, muitos daqueles olhos que haviam uma vez dado a visão além do
alcance para ele faziam questão de lembrar que seria algo ruim ao oferecer o
tal remédio a todo o momento. Loucos não podem com experiências passadas. Ainda
mais se ainda lembram muito bem delas. Não se deve esfregar na cara de um
surtado o motivo pelo que ele ficou desse jeito.
Por fim, conseguiu se enjaular
num recanto, sendo muito, muito rude com tudo e todos os que esfregam essa
merda na cara dele. Claro, ele resolveu que uma distância levaria a
recuperação. Um dia ele voltaria a olhar para o céu e querer pintá-lo da mesma
cor daquele um que ele voava cada vez que o via nos olhos do tão amado rosto.
Aquele remédio amargo que ele não queria tragar finalmente se tornaria um
delicioso néctar ou uma deliciosa ambrosia. Mas para isso, teria que se
afastar. Esperar. E quando tudo melhorar e o céu estiver desabando emocionado, “Meet
me in the pouring rain”.
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