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(Menos de) 500 dias de amor em (quase) um texto

Hoje vi num filme que às vezes histórias sobre amor não são histórias de amor. Que de vez em quando as histórias de amor são, na verdade, surgidas de momentos muito aleatórios. Pelo menos, as que duram. Não querendo desmerecer Shakespeare, mas nem Romeu e Julieta ganha um status de história de amor. Talvez de história sobre amor. Isso eu também ouvi de outra pessoa.

Num contexto tão complicado de pessoas que vivem na razão (entenda como pessoas rasas), algumas situações parecem tão complexas que não dá para entendê-las da maneira simples como elas realmente são. Ainda mais para os conturbados que pensam que existem histórias de amor nas histórias sobre amor. Geralmente, são os que querem que a realidade se encaixe com as expectativas. Por acaso, sou um desses.

Veja bem, não é que não exista amor nos "(500) dias com ela", é apenas que a história não quer o conto de fadas, mas sim mostrar o que se tem diariamente. Gente que se ama, que briga, que desgasta os sentimentos, que acaba deixando o outro na mais profunda confusão ou que leva à loucura os pobres corações apaixonados. É, nada mais, nada menos, uma história sobre o amor.

Uma de tantas possíveis. Há aquelas que não terminam tragicamente como a shakespeariana, ou a vida de alguns tantos expoentes na arte da friendzone, mas que dão certo e constroem histórias de amor. Provavelmente, para uma pessoa que de cara "não quer nada sério" é porque ainda não se preparou para ter uma.

Mas como saber se está ou não preparado? O Tom, do filme, cita algumas coisas: "Sei lá cara. Acho que é oficial. Estou apaixonado pela Summer. Amo o sorriso dela, o cabelo, os joelhos, a marquinha de nascença em forma de coração que tem no pescoço, como ela lambe os lábios às vezes antes de falar, o sorriso dela, o jeito que fica quando está dormindo. Amo que ouço uma música sempre que penso nela. Amo como ela me faz sentir. Como se tudo fosse possível, tipo... como se a vida valesse a pena."

Amor? Isso é bem profundo. O Tom mostrou bem ali em cima. Ele presta atenção nos detalhes. Não dá pra explicar com teoria. Amor é prática. Amor é experimentado. As histórias sobre o amor podem teorizá-lo, mas nunca saberão dizer o que se passa no momento em que entra em cena. Elas só podem narrá-lo, invejando as histórias de amor.

Então no final você guarda as memórias, pois é tudo o que lhe resta. Afinal de contas, não dá pra guardar uma eternidade de um momento em um livro, num filme, ou, como as vezes eu tento fazer, num texto de uma página ou um pouco mais. Isso porque dizem que para esquecer algum caso, é bom que você escreva sobre ele. Não que eu queira, mas é isso o que dizem.

E o que dá para tirar de um filme que conta uma história sobre amor? Que o amor pode ser chamado de "bitch", de cruel, de tirano, mas que, como dizem, a teoria do chiclete é o que prevalece. Pisa, gruda. Gruda, pisa. Ah sim, não se pode esquecer de agarrar as oportunidades que aparecem. Amor é viciante e difícil de se achar, por isso, é bom saber aproveitar quando encontrar a jazida. Seja com beijos, abraços ou amassos.


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