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Sobre os anéis de Saturno

Num dia desses resolvi pesquisar um pouco mais sobre planetas, suas órbitas, luas e de que eram feitos. Deve ter algo a ver com os novos aprendizados sobre o Universo e sua abundância que tenho tido depois que comecei o processo de (re)descoberta com a Paula Abreu. É quase o treinamento de xamã do Thrall (como era chamado Go'el, quando era Warchief da Horda de Azeroth) (para quem não entendeu, se trata de Warcraft, uma das minhas paixões mais alucinadas e mitologia predileta), em que ele faz um retiro para outro mundo, deixa sua armadura pesada e se veste com um manto leve, buscando aprender mais sobre os elementos e a natureza, bem como a sua própria natureza, já que ele não era um guerreiro (como as obrigações e o mundo tinham lhe imposto tal classe), mas sim um poderoso xamã.

De volta ao assunto, percebi que os planetas tinham características muito diferenciadas e que variava até a composição de cada um (e estado físico desses compostos). Júpiter, por exemplo, é o maior planeta do nosso sistema solar - tendo o mesmo nome do principal deus da mitologia romana, que representa Zeus na mitologia grega - e é essencialmente um gigante gasoso. 

Os gigantes gasosos são planetas que têm um núcleo sólido, mas a massa total é prioritariamente formada por gases. Ou seja, por trás do brutamonte está um núcleo pequenininho, segurando toda essa massa que tem que ficar presa para não se dispersar pelo Universo a fora. Qualquer semelhança com as pessoas não é mera coincidência. Nossa essência, a criança interior de cada um de nós, funciona basicamente como esse núcleo. Se tirarmos ela de lá, vagamos pela vida sem rumo, direção, sentido ou qualquer grandeza vetorial ou escalar.

Mas há um planeta gasoso que me intriga. Ele tem anéis e todos os artistas e os velhos poetas querem roubá-los para dar para quem amam. Saturno é uma diva sem querer. Ninguém sabe ao certo porque esse planeta tem anéis, mas todos admiram a formação que se faz ao redor do segundo maior planeta do sistema solar. Alguns dizem que eles sumirão um dia, mas até lá nós já teremos aproveitado uma vida (ou várias) admirando como eles são únicos. 

Numa linguagem poética, diria que Saturno brinca de bambolê enquanto dá voltas ao redor do Sol e por isso tem tantos amigos, que são seus satélites, que também querem brincar. O fato é que, no contexto da Via Láctea, não há planeta com um exterior tão marcante quanto Saturno. 

Agora veja: ele pode até ter anéis, mas será que os outros planetas têm inveja dele? É bem provável que não. Cada um está na sua órbita, na própria vibe, no próprio ritmo e velocidade. Cada um com características especiais e algumas até únicas. Se tivesse pessoas em Mercúrio elas seriam mais apressadas do que moradores de cidades grandes como São Paulo, já que os dias lá são CURTÍSSIMOS e num piscar de olhos já passou um ano (ops, acho que isso tem acontecido por aqui também). Vênus brilha: é o único planeta que a gente confunde com uma estrela quando visto daqui.
A Terra, bom, acho que nem preciso falar muito dela. Prefiro que você sinta-a. Marte é misterioso, por isso é tão incrível! Urano tem uma forma de girar diferente, porque ele está praticamente deitado (seus polos estão quase no que seria a linha do Equador). Tudo isso por influência de Netuno, o outro "gigante de gelo", como são chamados por alguns cientistas. Por fim, Plutão. Pequeno, renegado, mas que fez a maior falta quando tiraram dele a condição de planeta.

A diversidade está aí, no Universo, nesse planetinha azul que a gente chama de Terra, nos primatas com encéfalos superdesenvolvidos e polegares opositores (mais conhecidos como seres humanos) e em tudo que se pode imaginar (e no que está além da nossa imaginação). Quem sou eu para negar ao outro o seu core? Quem sou eu para dizer que as minhas convicções são as únicas possíveis e úteis? Quem sou eu para impor ao outro a minha órbita? Nas palavras do Mário Sérgio Cortella (é, ele de novo): "Tu és o vice-treco do sub-troço".

Aqui vai uma proposta: comece a agir pensando na tua vida, nas tuas qualidades, nos teus esforços. Siga a tua órbita, o teu ritmo e o teu caminho. ACHE O TEU PROPÓSITO! E quando for ajudar alguém, apenas faça aquilo que for necessário para que o outro se descubra também, assim não estará invadindo a sua órbita e criando um desequilíbrio ao seu redor e no seu núcleo. Seja pleno e deixe que o outro também seja!

P.S.: aqui está um link muito importante para o vídeo da palestra do Mário Sérgio Cortella, de onde eu tirei a frase ali em cima. Vale muito a pena assistir. :D
Sabe com quem você está falando? - https://www.youtube.com/watch?v=cnoyQAL6tgY

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