O dia de se encontrar com pessoas especiais deixa a gente inquieto, se programando sem parar. A expectativa era enorme para aquele momento: já fazia meses desde a última vez que tivemos um tempo juntos e a saudade apertava o peito com força. Não era preciso muito para que fosse especial, bastava apenas a presença, o afeto, até mesmo o silêncio seria prazeroso.
O último encontro havia sido mágico, mas não tão íntimo. Havia elementos externos que estavam afetando o momento. Foram muitas risadas gostosas, conversas bacanas e sentimentos trocados entre olhares e gestos de afeto, alguns discretos, outros nem tanto. Eu sabia que não duraria para sempre, então já queria o próximo. "Vê se não me ignora", disse com a inocência desesperada de uma criança carente e sozinha.
E daí pra frente parecia que tudo tinha sido dito ao contrário. Aquele havia sido o último de alguns encontros contados nos dedos, todos ligeiros como reuniões ou cafés entre executivos. Profissionais. Extremamente profissionais. De quem não havia prometido nada, nada além de um Dia Branco. "Se branco ele for; o sol, se o sol sair; a chuva, se a chuva cair". Não se promete nada, mas a confiança fica ali, "se você quiser e vier, pro que der e vier, comigo".
Uma mensagem havia surgido, logo quando já estava desistindo de insistir. Desisti de desistir assim que li o trecho que dizia assim: "(...) me perdoa se parecer que tô fugindo, mas não tô (...)". Meu coração apertou e pediu mais uma chance para a razão. Ela concordou, mas pediu um tempo antes de se abrir para a ideia.
Aquela sensação foi sendo amaciada pelas pancadas que a vida dava, como um pedaço de carne que sangra ao ser martelado até ficar engolível. E tantas eram as evidências da razão que o coração aos poucos se rendia, mas a promessa permanecia: existiria um último encontro.
O turbilhão passou. A poeira do cansaço e da dúvida ainda pairava no ar. Mas a criança interior não se contenta com a espera: ela corre atrás e pede o que quer. Fala o que sente, mas só as partes que lhe interessam, pelo medo de acabar perdendo aquilo que tanto esperou conseguir. E foi assim que, mensagem após mensagem, uma data foi marcada.
A expectativa era enorme. Mal conseguia me segurar, continuava falando e pensando sobre aquilo o tempo inteiro. Forçava contato, como se ajudasse a fazer o tempo andar mais rápido. Mas o tempo tem seu ritmo próprio e não tem outra forma de caminhar a não ser no seu passo.
Fim de semana da outra semana. Todo o resto não importava. Num desses dois dias estaria de volta ao paraíso, mesmo que por alguns instantes. Parecia um sonho. E o tempo ajudou.
Chegou o momento. O contato foi feito. O dia amanheceu, a noite caiu. O céu nublou, o sol ressurgiu. O sorriso chegou. O sono bateu. O sonho... Sonho... O olho se abriu. E o último encontro havia acontecido.
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